Sopro

Em meio à espasmos involuntários
Assisto à terra em seu leito de morte,
O mundo está cheio de graves tumores,
Uma tristeza que assola a tantos,
Dores na alma que superam as do corte,
Leitos rasos, escassos de empatia;
Nas malas da vida está o passaporte.

Leio os diagnósticos como se rezasse,
Na realidade, seguro para não chorar,
Os tumores são quase todos malignos,
A dor cobre como manto de lã fina,
Mas não com o intuito de agasalhar,
E não há anestésico que a neutralize,
Isso, apeas a morte é capaz de vingar.

O que se entende por morte ou morrer?
Admito fazer isso todos os dias,
Morrer de manhã ao nascer do sol
Nascer à noite, junto à lua fria
Entre morte e vida não há intervalo,
Tudo que há é mero sopro e fantasia.

por Júnio Liberato

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