Redundante Pleonasmo

ninguém que foi tão machucado, por mais otimista que seja, consegue experimentar de novo um relacionamento sem que perca, mesmo que tente disfarçar, a esperança de total completude.

Faz-se mister que eu me afaste
sem que dada alcunha de covardia
Paire sobre as castas da consciência
já não sei das quantas tão sofrida.

Faz-se mister que eu me afaste
ao falaz cantar temporão do galo,
Pois me levanto para saudar o dia,
sendo que ainda há noite a sondá-lo.

Faz-se mister que eu me afaste
novamente, como um boi de canga
Desconhecido das forças que tem
dócil à voz que pertinaz lhe comanda.

Faz-se mister que eu me afaste
sem cessar fogo ou diálogo mantido
Salvo conduto a garantir meu regresso
são e salvo, sem temer tais perigos.

Faz-se mister que eu me afaste
ao menor sinal de recuo ou desdém,
Forçando as vistas para reconhecer,
na névoa a se afastar, a silhueta de alguém.

Faz-se mister que eu me afaste
se o conto reiterado, tendo novo elenco
É a peça em tragédia, ciclo memorável
atroz, faz dos meus medos seu alimento.

por Júnio Liberato

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Respostas de 16

  1. Faz-se mister que você volte sempre e s ênfase sempre que for preciso, estamos aqui sempre de braços abertos para recebê-lo.
    Abraço, rmão!

  2. olha Junio adorei seu poema, esse poema ajuda as pessoas se encontrarem consigo mesmos e com os outros, faz-se mister que não sejamos reconhecidos, mas que notados, até porque não escrevo para reconhecimento e sim pelo prazer de ter algo dito em palavras por mim. Abraços

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