Parabólica

Içada bem ali no quintal
Jaz solitária uma velha antena,
Parabólica é seu nome,
A velhice é o seu maior problema,
Quase já não a usam mais,
Pobre coitada, três “és” a condena:
Estática, estranha e esquecida,
Sem contar sua utilidade efêmera,
Na paisagem urbana também rara
Meu Deus! Chega até a dar pena.

Sua triste parábola arqueada
Revela o seu cansaço no tempo
Suas manchas no alumínio surrado
Pelos respingos de cal e cimento,
Revejo a haste que captou tanta alegria
Trazendo imagens ao monitor cinzento.

Me lembro bem de sua chegada
E das mãos que lhe montaram aqui
Hoje, abandonada sob o sol está
Corta o coração ver-te imóvel ali
Maltratada pela passagem do tempo
O mesmo que nos obriga um dia a partir.

por Júnio Liberato

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Não há como explicar a saudade, o tempo a dissipa mas não dizima; afugenta, mas não extingue; leva, mas não consome.