Ostracismo

Questiono-me frente ao espelho
Quanto aos fatos lá do passado
Ando meio desligado ultimamente,
E isso não é nenhum segredo velado,

Sobreviver cobra de mim uma tarifa bem alta
O desgaste é sem sombra de dúvidas inevitável
Quanto mais me vejo distante lá do início
Mais o pedágio à frente se torna caro.

Nem por isso venha-me dizer que sou
Em questão de postura um homem de pedra,
Não engane-se quanto ao meu desinteresse
Apenas cansei de sair em busca da pérola
Enquanto a ostra é devorada por terceiros
Que sequer ao menos prezaram por ela.

Meu coração é que anda petrificado,
Mas nunca disseram-me que seria assim
Sou apenas uma inocente criança de vidro,
Pedras é o que andaram atirarando em mim
Mesmo sem merecer tamanho castigo;

Deixei estilhaços espelhados por aí
Ferindo os pés de quem anda descalço
E é assim que ocorrem as desilusões, enfim
Alguém despedaça inteiro o seu coração
E os cacos ao chão só servem pra ferir.

por Júnio Liberato

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