Meu Botão De Azaleia

Tanto temi perder-te em vão,
Entretanto, teve de ser assim.
Vejo-me agora à beira, no abismo do tempo
E sigo remoendo as recordações, enfim
Apenas restou neste precipício imenso,
Restos mortais de um antigo jardim.

Como um louco desvairado qualquer
Sem razão ou juízo, lamento:
O amor quando torna-se ilusão
Proporciona-nos grande sofrimento.
E sofrer por causas irreversíveis
É afogar-se outra vez no mesmo açude lamacento.

Sinto tantas saudades dela,
Bem como sinto a falta de mim,
O ano todo ela desabrochava tão meiga
Todos os dias eram primavera sem fim
Cativou-me de uma forma tão rara,
Nunca antes tamanha intensidade senti.

Aromas diversos possui o amor
E teu perfume minh’alma eleva
Sinto-o tocando meus sensíveis pulmões
Como gota de orvalho que pinga na terra
Assim é que lhe sinto, lhe vejo e lhe amo
És tu, meu tenro botão de azaleia.

Imagino aquecendo-me tranquilamente
No agasalho dos teus braços nos meus.
Teu perfume confinado em meus pulmões
Eu buscando abrigar-me silencioso nos teus
A curva sinuosa de teu sorriso, uma jangada
Par de remos frágeis são os braços meus.

Enquanto trago teu cheiro suave
Como se fosse o último aroma da terra
Os resquícios de lembranças tuas
Prosseguem amparando a minha queda
Pois, outrora tive em ti um grande amor,
Meu doce e querido botão de azaleia.

por Júnio Liberato

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