Gaiola

Tem dias que bebo a água da chuva,
Tendo em mim uma forte tempestade
Noutros tomo os pingos de orvalho,
Envolto pela névoa da serenidade;
Em alguns mato a minha sede
Nas lágrimas resfriadas de tristeza,
Escoadas dos meus olhos molhados,
Ocupando meu peito oco na estação das cheias.

Às vezes de um segundo para o outro
O silêncio faz girar uma grande manivela
E as emoções ficam todas de ponta cabeça.
Contra a vontade e a força da inércia.
Um vulto pior que a enxaqueca
Toma a cena trazendo desconforto,
Fico sem saber ao certo o que se passa
Adentro dos poros do meu corpo.

Acho que pode ser a tal da saudade,
Porém, ao mesmo tempo acho que não,
Mas sei que também pode ser alguém,
Que jaz sepultado em meu coração
Ou ainda um pássaro que com o bico
Fura o peito em busca de libertação,
Estando preso me prendendo em seu canto
O pássaro acinzentado da solidão.

por Júnio Liberato

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Não há como explicar a saudade, o tempo a dissipa mas não dizima; afugenta, mas não extingue; leva, mas não consome.