Vejo no espelho um horizonte oposto
Ao que se afasta enquanto avanço
Sendo que sigo na marra o balanço
Que me faz sentir um peixe sem mar.
Sinto falta das coisas que ainda
Não vivi, ou se vivi não comento;
Quiçá apenas hesito em não fugir
Dos dogmas e das fábulas que me acorrentam.
Tenho vontade de reviver programas a dois,
De me encontrar para se perder na noite,
Conversar até não me recordar dos deslizes,
Livrar-me das discórdias mentais com seu açoite.
Queria por mais um momento desligar-me de tudo,
Esquecer que a vida é uma perpétua segunda feira
E fantasiar a felicidade por alguns minutos
Como quem vive por aí sem eira nem beira.
por Júnio Liberato