Sempre que vou ao jardim
Vejo Deus em várias formas:
Hibiscos, orquídeas, hortênsias
Ipês, margaridas, cravinas, rosas,
Presto então, fiel, meu culto
Saudoso exalto a sua glória.
Esse templo a céu aberto
Não tem falsa cortesia
A dizimar as minhas dores
Desabafo sem hipocrisia
E sinto o cheiro do perfume
Acariciar lento minhas feridas.
Na catedral em que congrego
Junto aos insetos e borboletas
Ouço o farfalhar dos colibris
Ouço, o zum zum das abelhas
E em silêncio, concentrado
A prece sincera da natureza.
Envolto na pregação do vento
À sã doutrina, então me apego
Enquanto louva, o sol em luz
Neste primaveril evangelho
Vejo Deus em cada canto,
Em cada flor, em cada gesto.
por Júnio Liberato