Contos

A sorte não está nos trevos; a sorte é a mecânica da aleatoriedade.
Observei uma laranja com outro olhar que não o meu usual do dia a dia.
Sinto saudades do brejal de casa.
Todos tem a sua cota de homicida.
A triste despedida de uma filha e de uma esposa.
Recordações macabras de uma infância inventada.
Num farol vermelho da conturbada cidade, avistei uma flor que carregava outra flor: o hibisco da paixão.
"Deus não pôde estar em todos os lugares, então ele fez as mães."
A frieza afasta pessoas cujo calor é aconchegante.
A primeira intensa troca de olhares, é sempre a cena mais célebre dos casais apaixonados nos romances de ficção, e não é para menos, os olhos possuem uma linguagem diferente do restante do corpo, uma conexão única e arrepiante. Olhares são encantadores, fascinantes, e são os portais da alma: não há como esconder mentiras no olhar.
Às vezes, viajando acordado em minha psique, lamento não poder resgatar de forma concreta fatos consumados no tempo e acontecimentos passados que somente na lembrança me é permitido retroceder a tais ocasiões. Anseio em certos momentos possuir sete vidas, ou até mesmo, poder voltar e reviver certas memórias. Entretanto, bato de cara no muro da realidade e acordo assustado dos meus delírios: sonhar acordado custa caro.
Inserido no espaço, sob jurisdição do tempo, por vezes sinto medo do real, e aterroriza-me o fato como as coisas são consumadas, logo, a realidade assemelha-se a um veneno que adentra minhas narinas e sufoca-me pouco a pouco. Minha vida, figuras de linguagem.