Cara-metade

O perfil é uma parte
Uma banda de um ser
Metade da cara
Da cara-metade
Meia biografia
A se perder.

Revela-se um evento subliminar
Oferecer uma face ao alheio
Confiando de forma espontânea
Parte do rosto nu ao espelho
Que copia de forma engenhosa
Pelo reflexo do mundo verdadeiro.

No rosto corado
Caderneta antiga
Onde o tempo deixa
Sua caligrafia
Contém o mesmo
Que um rascunho
Na construção
De uma vida,

Metaforizando a existência
Através dos seus truques de luz
Juntamente a reflexos e sombras
Ilusão abstrata que seduz
Os olhos que são vitrais polidos
Aos quais a escuridão abduz.

Na pele parda
Cravada de histórias
Às quais correspondem
À diversas memórias
É um brevíssimo bilhete
Por parte do tempo
De que tem a vida
Caráter de urgência
Sendo assim é preciso
Atendê-la por agora.

Pois o tempo carimba o novo
Numa folha que já foi escrita
Transcreve, rabisca e folheia
Depois as páginas reorganizam
Como roteiro sendo mudado
De acordo com a cena escolhida.

por Júnio Liberato

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