Borboletério

Triste o fim das borboletas
Extraviaram-se todas do caminho
Já não se distraem mais com rosas
Prestam fiel ode aos seus espinhos.

Triste em gênero, grau e pessoa
Número; voz; tempo e todo modo
Sofro em silêncio a expectar tal tragédia
Vez que cada ato desafia as leis do cosmos.

Amargo o epílogo das Panapanás
Fazendo as honras, vezes das moscas
No alvéolo herdam tamanha formosura
Já fora, lançam na pocilga pérolas foscas.

A sangrar assisto ignóbil desfecho
Acometer sem dó as mariposas, tão logo
E desmanchando inteiro em lágrimas
Sinto aproximação iminente do opróbrio.

É o fim, simplesmente isso: o fim
Não há mais néctar no desejo
Nem vastos jardins a percorrer
Nem cores vivas, ou cartas no correio
Só flores mortas nas lápides frias
Sobre os despojos já tolos, obsoletos.

por Júnio Liberato

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