Apostasia

Depois de tanta tempestade,
A soprar minhas convicções
Estou jogando a toalha
As sungas; pranchas; calções.

Depois de tantas recaídas
Em tentativas arquivadas
Simplesmente atiro ao léu
Este farrapo que me ampara.

A qualquer lado; à revelia
Sem importância que me valha
Velha companheira de guerra
Atiro aos lobos minha toalha.

Com os pulsos já exaustos
Estou jogando a toalha,
Depois de tanto me secar,
Gota a gota, suor e lágrima.

Abrindo mão a toda pompa
Deste estanque romantismo
Em total cárcere privado
Cristalizou-se todo lirismo.

Nunca jorrou feito uma fonte
Tendo noutro seu fiel abrigo
Coração genuíno que se sustenta
Em cordas bambas no abismo.

por Júnio Liberato

Compartilhe esse post:

Uma resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Relacionados

Deus se revela através da sua criação, das criaturas e das mais inesperadas situações que nos vêm, por vezes, de forma pedagógica.
Não há como explicar a saudade, o tempo a dissipa mas não dizima; afugenta, mas não extingue; leva, mas não consome.