A Flor e Eu

Estou só, na companhia de uma flor,
E posso com fidelidade, sem culpas confessar
Que suas pétalas acariciaram meu ser
Enquanto seu perfume diluía a minha dor.

Sinto que ela pode me ouvir, e sem rancor,
Mesmo sendo inapta e inanimada
Contei dos meus lamentos sobre o amor
E os desabafos de minha infância roubada.

Também solitária, caída ao chão
Ali mesmo, compartilhamos os nossos medos.
E só por uma noite ela foi
A guardiã mais sincera dos meus segredos.

Dividimos sem preconceito algum
As marcas que nos foram deixadas
As cicatrizes que o tempo não levou
E a vida renovou com suas garras.

Queria que esta flor rosada,
Não sofresse a ação do tempo.
Nem que perdesse sua forma
Ou caísse, ao ser violentada pelo vento.

Assim como ela, agora choro
Não por covardia, nem por falsidade,
Choro, por ter tido a alma ferida,
Choro também por sentir saudade.

Idem tive algumas pétalas arrancadas,
Por puro prazer de quem sente ao nos fazer maldade.

por Júnio Liberato

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Não há como explicar a saudade, o tempo a dissipa mas não dizima; afugenta, mas não extingue; leva, mas não consome.