Penélope Fuscosa

Pérola das ruas cinzas
Lindo fusquinha rosa
Pelas ruas de Piranga
Relíquia, delicada joia
Circula feito Penélope
Nessa cidade já não tão nova
Sua buzina, assobio sereno
É sublime melodia charmosa.

Seus prateados faróis redondos
Para mim são como dois olhos
Que piscam galantes a seduzir
Cobertos por um charme róseo;
O motor roncante é o coração
Batidas aceleradas e fortes
O óleo que jorra é o sangue
No pneu que derrapa, a sorte
De que não haja, na curva à espreita
A figura austera da morte.

Quanta história ele carrega
Em sua esbelta carroceria?
Quantos amores presenciou
Várias aventuras e alegrias
Um velho perito das estradas
Mestre, doutor, das rodovias.

Vou terminando sem muito enrosco
Numa dúvida cruel que martela:
Quem será o dono da joia
Será Marcelo ou Marcela?
E o fusquinha, por fim, quem dirá
Será que é ele ou ela?

por Júnio Liberato

Compartilhe esse post:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Relacionados

Deus se revela através da sua criação, das criaturas e das mais inesperadas situações que nos vêm, por vezes, de forma pedagógica.
Não há como explicar a saudade, o tempo a dissipa mas não dizima; afugenta, mas não extingue; leva, mas não consome.