Depressão

Depressão não tem um rosto
Que possa se dizer parecido
Sua identidade se faz oculta
Seu endereço é desconhecido
Sua presença, tão silenciosa
Sorrateira, semelhante um felino.

Não se sabe ao certo onde mora
Como fosse um sujeito foragido
Não tarda manifestar sua face
Todo seu mau-caráter enrustido.

Por vezes a seu rústico modo
Sem a permissão nem a culpa
Pertuba toda ordem do sono
As luzes belas da aurora ofusca
Ata o nó, esticando a linha
Sinal vital que já não mais pulsa.

Um filtro opaco em tons de cinza
Adiciona e torna os olhos sem brilho
Rouba sonhos sem contrição ou temor
Esmaece existências; apaga sorrisos.

Tão custosa a todos nós que ficamos,
A pensar nos tesouros levados embora
Tantas vidas ceifou sem permissão
Pessoas amadas, senhores; senhoras;
Sentimentos que se perpetuam no tempo
Saudade sem fim, que diariamente aflora.

por Júnio Liberato

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Não há como explicar a saudade, o tempo a dissipa mas não dizima; afugenta, mas não extingue; leva, mas não consome.