Desordem

Descanse enfim em meus braços feridos,
Que além de te dar meus abraços contidos,
Irei cantarolar no Natal aquela velha canção.
Esses braços intensos que firmes te afagam
Como vela arrochada no mastro de um navio
Temem se soltar desta desencarnada ilusão.

Os dedos calejados em seus cabelos imersos
Enquanto me entrego profundo em seus olhos
São uma rede rasgada buscando seu coração.
Pois, melhor que ouvir palavras de sua boca,
É sentir a maresia no silêncio do seu olhar,
Porém, há um elo de barro entre nossas mãos,

Na reincidência me sopram os ventos do norte
Em silêncio, na desordem dos pensamentos
A palha seca é devorada pelo fogo ardente,
E aqui espancada jaz morta minha esperança
Como aqueles que aguardam que o mundo
Passe a girar e a translar em “modo avião”.

por Júnio Liberato

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