Reincidência

No domínio contemporâneo dos corações
Pelos ambiciosos objetivos do ser domado
As relações parecem se dar por sorteio,
Confesso que isso me deixa decepcionado
Porém, eu já me cansei de tantos protestos,
Prefiro sentir em absoluto segredo
E gritar em silêncio, quieto, calado.

Não existem mais razões além da superfície,
Além da pele já não há mais sinceros motivos
O romântico ser aventureiro em extinção
Esqueceu-se que além do olhar verte um brilho
Raio de sol sob uma terra abandonada
De um mundo tão belo e ainda desconhecido.

Enraizado por um longo fio de lembrança
Jaz um sentimento empoeirado e esquecido
Pois, o temor de um coração agora infeliz
Infelizmente ainda permanece bem vivo.
Um coração encardido pela insegurança
Dificilmente outra vez poderá ser polido.

Memória difícil de ser excluída, meu Deus!
Pensei que a vida fosse um desenho de giz
Mas, no campo emocional a decepção marca gol
Desobedecendo a mim, às regras e ao juiz
Enquanto o placar em total discrepância
Deixa o goleiro e a zaga infeliz.

Totalmente balanceado entre ir ou ficar
Já que a insegurança mora nas brechas encardida
Do meu coração totalmente rachado
Tentando se remendar por costuras finas
Que o medo têm como tesoura cortado
Os fios desta teia que delicadamente é tecida.

Não suportando a idéia de reincidência
Os pensamentos apresentam-se desordenados
O pânico que outrora eu sentia distante
Uma vez mais se acumula no meu peito acuado.
Repito: prefiro sentir em absoluto segredo
E gritar em silêncio, quieto, calado.

Em plena era dos avanços científicos
O amor tornou-se moeda de troca:
Troca-se amor por um momento vago,
O coração adestrado o amor aborta,
E em minha estante marrom há um retrato
Com a imagem da natureza humana morta.

por Júnio Liberato

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